O delegado de policia civil, Cezar Pizzano, foi morto na madrugada de sexta-feira, com um tiro no peito, após reagir a um assalto, num bairro esmo de Porto Velho. A notícia foi destaque nos principais jornais da capital e também do país.
Conheci o delegado Pizzano por ocasião de uma sessão popular da Câmara Municipal de Porto Velho, que aconteceu numa quadra de esporte de uma escola estadual, localizada no bairro Cidade Nova, quando lá compareceu representando o secretário de segurança pública, para tratar de um tema que ele dominava como poucos de sua área: segurança pública.
Entre os conselhos dados pelo delegado, um deles era para que a vítima de um assalto, em hipótese alguma, reagisse. É de estranhar-se, pois, que um profissional calejado como o delegado Pizzano se tenha esquecido dessa regra básica. Ter-se-iam a experiência, a autoconfiança e a coragem, falado mais alto?
Rondônia é um estado enfermo, gravemente doente. É bem verdade que a violência é nacional, mas Porto Velho, hoje, lidera o ranking das cidades mais violentas do país, com índices elevadíssimos, principalmente se se considerar sua relação proporcional com a população de outras capitais de médio e grande porte, embora o delegado refutasse todas as pesquisas nesse sentido.
A cidade foi entregue, literalmente, de pés e mãos atados aos facínoras, que ditam regras de comportamento, assaltam, estupram, matam e cometem todo o tipo de selvageria com vítimas completamente indefesas. Ninguém, absolutamente, ninguém, está imune à ação dos marginais. Nem em casa, nem no trabalho, nem na Igreja. Enfim, em lugar nenhum.
Agora, a vítima foi o delegado Pizzano, mas todos os dias, pais de família, trabalhadores e cidadãos comuns têm suas vidas ceifadas por bandidos que afrontam à cidadania, à dignidade social e os próprios organismos de segurança, como se isso fosse à coisa mais natural do mundo. Até quando a população será obrigada a conviver com essa mácula, com essa grande torpeza? Com a palavra, os dirigentes e as autoridades públicas.
Os governos (federal, estadual e municipal) precisam cumprir o seu dever constitucional de garantir segurança à sociedade. É preciso que as autoridades constituídas, às quais o problema está afeto assumam, com responsabilidade e determinação absolutas, o combate frontal e decisivo contra o banditismo que impera na capital.
Comprovadamente, somente discursos não resolvem. É preciso investir mais em educação, passando pela melhoria salarial e condições decentes de trabalho dos que prestam serviços à máquina burocrática, até a construção de presídios modernos, dentre outras medidas inteligentes, firmes e corajosas, antes que a situação degringole de uma vez por todas.
Logo, logo, o delegado Pizzano será apenas mais um número nas estatísticas da violência portovelhense, à semelhança de tantos outros, policiais ou não, que tombaram pelas mãos do banditismo.
Fonte: Valdemir Caldas
Autor: Valdemir Caldas
Autor: Valdemir Caldas
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